Quando o storytelling é mais doce que o sabor: o caso Crumbl Cookies
O que o hype, as calorias e a estética nos dizem sobre consumo, tendências e cultura do excesso.
Num mundo onde o apelo visual dita o que viraliza, a Crumbl Cookies se tornou um fenômeno. Não apenas por seus cookies gigantes e esteticamente impecáveis, mas por uma estratégia de marketing tão inteligente quanto controversa. Sabores novos lançados semanalmente criam sensação de exclusividade, escassez e desejo. Tudo estrategicamente pensado para gerar buzz, FOMO e uma avalanche de conteúdos no TikTok e Instagram.

Mas o sabor? Bom… nem todos concordam que ele acompanha a embalagem. A crítica mais comum é direta: “seco e sem graça”. Ainda assim, os vídeos seguem sendo postados. Por quê?
Porque não é só sobre cookies. É sobre status, sobre a estética de um lifestyle, sobre o prazer de fazer parte da tendência. Sobre o “compra, prova, posta e joga fora”. Inclusive, muitos consumidores relatam exatamente isso — compram para experimentar, tiram uma foto e descartam depois de uma mordida. Estamos falando de cookies com mais de 1.000 calorias — o dobro de um Big Mac — e caixas vendidas a US$30, mesmo com gosto questionável.
Mais do que um doce, a Crumbl virou símbolo de um comportamento: o consumo impulsivo baseado na estética e não na essência. E esse comportamento não vem sem consequências — do desperdício de comida à distorção da relação com o próprio ato de comer.
Talvez o cookie nem seja o problema. Mas o que a gente está alimentando com ele… talvez seja.